Justus Henry Nelson foi um missionário considerado um dos mais importantes nomes da hinódia brasileira. Ele nasceu no dia 22 de dezembro de 1850, em Menomonee Falls (aprox. 173km de Chicago) e morreu de pneumonia viral em Portland, nos EUA, aos 86 anos de idade, no dia 06 de fevereiro de 1937.

Nelson se despediu deixando um legado de hinos que por meio de suas mãos e mente, passaram por um crivo e assim ganharam tradução honrosa, letra inspirada e, acima de tudo, um zelo missionário na área musical por nos deixar um material que até os dias de hoje nos falam ao coração.

O ano de nascimento de Nelson é controverso (1 ano) mediante a pesquisas, na grande maioria é apresentado o ano de 1850 como de seu nascimento, porém, na grande maioria dos hinários cristãos brasileiros o que nos é apresentando é o ano de 1849; optamos por manter nesta biografia o ano de 1850, data mantido pelo hymnary.org, (banco de dados na área da hinódia em parceria com a The Hymn Society nos Estados Unidos e no Canadá.

Sua família era muito grande e compreendia seus pais, James Hervey Nelson e Sarah Orelup Nelson, juntamente com seus 9 irmãos, 6 meninos e 3 meninas, Nelson era o 2º dos 9.

Aos 18 anos, ele frequentou o Seminário de Evansville, aos 21 anos frequentou a Lawrence University (fundada em 1847 ela é a 2ª faculdade nos EUA a ser fundada como instituição co-educacional), e graduou-se em Teologia pela Boston University School of Theology (o mais antigo seminário teológico do Metodismo Americano e a escola fundadora da Universidade de Boston, a maior universidade privada de pesquisa da Nova Inglaterra, sendo uma das treze escolas teológicas mantidas pela Igreja Metodista Unida) em 1879; no decorrer dos estudos, encontrou sua vocação e chamado para pregar a palavra de Deus e pastorear.

No mesmo ano, Nelson se alistou na Missão Episcopal da Igreja Metodista por intermédio de William Taylor que estava recrutando missionários que serviriam de forma autônoma. Enquanto aguardava o resultado, sentiu a necessidade de se aprimorar em curso que lhe desse autonomia para ajudar pessoas na área da saúde. Foi assim que ingressou e estudou na Boston University School of Medicina, lá se preparou como enfermeiro e dentista para melhor atender às necessidades do povo que vivia nos locais para onde seria destinado.

1880 foi um ano de muitos novidades e desafios na vida dele que foi aceito na missão e, em em 13 de abril, se casou com Miss Fannie Bishop Capen (ele a conheceu enquanto estudava em Boston); e, em 19 (16?) de junho, desembarcou no Porto de Belém do Pará onde deu início à evangelização pela Amazônia.

O Imperador D. Pedro II foi um grande incentivador da vinda de americanos para o Brasil, vendendo-lhes terra a preços baixos, financiando as passagens, a compra de ferramentas e de sementes, entre outras facilidades, para quem não tinha dinheiro. O Brasil também criou uma companhia de navegação com navios a vapor que ligavam o Rio de Janeiro a Nova York. Na primeira viagem destes navios, vieram muitos americanos para o Brasil, que se instalaram em várias regiões, mas a que mais prosperou foi a de São Paulo.

“Durante todo o período da Primeira República, o Metodismo brasileiro era uma parte da obra missionária da Igreja Metodista Episcopal, Sul, sediada no Sul dos Estados Unidos” (REILY, 1990, p.100).

Braga informa (1961) que, durante 26 anos, houve uma interrupção das atividades missionárias da igreja metodista aqui no Brasil (1841-1867), esta paralisação se deu por várias dificuldades e contratempos inclusive na Igreja – Mãe que em 1846 a partir de agora se dividiu em 2: a Igreja Metodista Episcopal do Sul (IMES) e a Igreja Metodista Episcopal do Norte (IME).

Em 1867, chegou no Brasil um grupo de americanos onde veio o Rev. Justus E. Newman, que atuou como pastor entre os americanos. Em 1875, o Rev. Newman recebeu uma carta dos EUA que muito lhe alegrou o coração. A Igreja do Sul dos EUA resolveu mandar para o Brasil, a pedido do Rev. Newman, o missionário Rev. John James Ransom, que foi uma das figuras mais importantes da nossa Igreja Metodista.

Quando Nelson desembarcou no Brasil como missionário, a atuação da IMES aqui no Brasil é facilmente compreendida pelo formato de um trapézio – São Paulo, Rio de Janeiro, Juiz de Fora (MG) e Piracicaba (SP) e a IME se faz compreender nas extremidades norte e sul do país.

Nelson se filiou à missão criada aqui no país pelo Rev. William Taylor denominada Missão Metodista de Sustento Próprio estabelecida em principais portos do Norte e Nordeste. Para seu sustento; ele logo começou a ministrar aulas de inglês.

No dia 27 de junho de 1880, num armazém subalugado, ele celebrou o primeiro culto e, em janeiro de 1881, abriu uma escola metodista chamada “Colégio Americano” (devido a epidemia – febre amarela e outros problemas a escola fechou em 1882); já no ano de 1883, temos o gérmen da 1ª Igreja Metodista Episcopal no Pará onde foi celebrado um culto em 1º de julho na Rua dos Mártires (atual Rua 28 de Setembro, 28 de setembro), próxima à esquina da Av. 15 de agosto (atual Av. Presidente Vargas).

No dia 04 de janeiro de 1890, surgiu um dos maiores legados da comunicação do metodismo por aqui. Foi lançado o jornal “O Apologista Christão Brazileiro”, do qual Nelson foi redator e escritor, elaborando muitos artigos apologéticos. Ele traduziu vários sermões de Wesley e escreveu artigos para “O Bíblia” (sic) e “O Christão”. “O Apologista Christão Brazileiro” era um jornal religioso semanal dedicado à verdade evangélica.

Seu lema era: “saibamos e pratiquemos a verdade, custe o que custar”. A periodicidade do jornal foi se ajustando gradativamente; de 1890 até 1891, era distribuído semanalmente; de 1891 a 1892, passou a ser distribuído quinzenalmente; e a partir de 1892 a 1910 foi distribuído mensalmente. O jornal tinha forte impacto quanto às matérias por ele criadas. Em uma edição, (Nelson) se referiu à “idolatria predominante no Brasil” e, por isso, foi condenado à prisão por “4 meses, dois dias e 12 horas, sendo libertado em 8 de abril de 1893”. Uma nota importante é que no ano de 1910 os missionários recém-chegados Daniel Berg e Gunnar Vingrem (fundadores das Assembleias de Deus no Brasil) entraram e contato e foram orientados no serviço missionário por Nelson em Belém.

Berg e Gunnar Vingren, chegaram a Belém do Pará em 19 de novembro de 1910. Eles não possuíam amigos ou conhecidos na cidade e não traziam endereço de quem pudesse acolhe-los ou orienta-los. Carregando suas malas, enveredaram-se por uma rua até alcançarem uma praça, onde sentaram-se em um banco para descansar, fazendo, então, a primeira oração em terras brasileiras.

Entretanto, seguindo a indicação de alguns passageiros com os quais viajaram, os missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg hospedaram-se num modesto hotel, cuja diária completa era de oito mil reis. Em uma das mesas do hotel, o irmão Vingren encontrou um jornal que tinha o endereço do pastor metodista Justus Nelson.

No outro dia, foram procura-lo e contaram-lhe como Deus os tinha enviado como missionários para aquela cidade. Como Daniel Berg e Gunnar Vingren estavam, até aquele momento, ligados à Igreja Batista na América (as igrejas que aceitavam o avivamento permaneciam com o mesmo nome), Justus Nelson os acompanhou a Igreja Batista, em Belém, e os apresentou ao responsável, Raimundo Nobre.

Os missionários passaram a morar nas dependências da igreja Batista. Após alguns dias, Adriano Nobre, que pertencia a igreja presbiteriana e morava nas ilhas, foi a Belém em visita ao primo Raimundo Nobre. Este apresentou os missionários a Adriano, que imediatamente mostrou-se interessado em ajuda-los a aprender falar o português.

O legado de Nelson é honroso e os seus quase 45 anos de trabalho pela Amazônia nos enche de orgulho e admiração pela incansável dedicação e amor missionário. No dia 08 de novembro de 1925, Nelson com 75 anos de idade partiu de Belém para os EUA com sua família, Fannie, sua esposa; e seus 4 filhos: William (Will), Luther, Sarah Louise (Louise) e Elizabeth (Bess). No total, a família Nelson teve 5 filhos, um dos quais, morreu de malária. Antes da sua partida ele escreveu:

Se a Igreja Metodista Episcopal, nestes 45 anos no Brasil, conseguiu atrair algumas pessoas a uma vida limpa por mais diminuto que seja o número, fica plenamente justificado o dispêndio aqui feito, de dinheiro, de trabalho e de vidas preciosas ceifadas no seu vigor (In: Magalhães, 2013)

No ano de despedida da família Nelson de Belém, sairia a derradeira edição do Apologista, com uma espécie de resumo de toda as obras empreendidas ao longo das mais de quatro décadas de missão na Amazônia.

Na hinódia evangélica brasileira, Nelson deixa uma imensa contribuição; numa pesquisa feita foi verificado que os 3 primeiros hinários que mais contém hinos traduzidos por Nelson são: (Mil Vozes para Celebrar (2019) – 25 hinos), (Cantor Cristão (2007, 37ª edição com música) – 14 hinos), (Hinário Cristão (2007) – 13 hinos).

Segundo Braga (1961), os hinos; “Na forte aflição, perigos e dor”; “Na terra abençoada estou”; “De toda a terra e nação” e “Não sei porque de Deus o amor a mim se revelou”[11] foram publicados no jornal evangélico “O Bíblia” (sic)[12], da Capital Federal em 1891.

Muitos de seus hinos são vistos em hinários de igrejas do segmento tradicional. Uma observação a ser realizada é que o contato de Nelson junto aos missionários da igreja Assembleia de Deus[13] foi confirmada no sentido de grande respeito, admiração e agradecimento com 4 hinos na Harpa Cristã, sendo eles: Jesus, o Bom Amigo (198), Nívea Luz (91), Saudai Jesus (42) e O Exilado (36), considerado um dos mais lindos do Hinário.

imagem de Justus Henry Nelson
Biografia de J.H.N 
Nascimento: 22 de dezembro de 1850.
Morte: 06 de fevereiro de 1937, aos 87 anos, Portland, nos EUA.
Cidade natal: Menomonee Falls (aprox. 173km de Chicago).
Cônjuge: Fannie.
Ocupação: Missionário, compositor.
Filhos: William (Will), Luther, Sarah Louise (Louise) e Elizabeth (Bess).
Pais: James Hervey Nelson e Sarah Orelup Nelson.
Composições: Hinos da harpa de números 198, 91, 42, 36. 
Causa da morte: Pneumonia.